O Aprofundamento acelerado da disjunção verificada entre, por um lado, os princípios valorativos e, por outro lado, as lógicas da decisão e o desenvolvimento das acções, constitui uma característica específica desta mudança dos tempos, à qual parece não corresponder uma mudança das vontades. Os resultados práticos da contradição consequente, reflectem-se nas atitudes, nos comportamentos e nas mentalidades no âmbito de um processo de aprendizagem estruturante e, simultaneamente, condicionante do futuro da humanidade, em termos de viabilidade da sua própria existência na biosfera terrestre.

Neste contexto, têm sido frequentes os debates e as iniciativas de reflexão conjunta sobre o "estado da arte" das diversas disciplinas cientificas das Ciências Sociais, designadamente, das Relações Internacionais. Estes esforços têm encontrado justificação generalizada na circunstância temporal do fim do século, mas os objectivos subjacentes superam decisivamente o plano das celebrações, desenvolvendo-se no sentido na problematização prospectiva, à luz das evoluções e dos cenários previsíveis.

Pensar a forma como pensamos as relações internacionais num contexto de mudança acelerada, transformacional e tendencialmente globalizante, torna-se, actualmente, uma inevitabilidade intelectual. Mas, para além disso, a mudança de paradigma sugerida pela profundidade e pela extensão das alterações estruturais e sistémicas, decorrentes da evolução permanente e aleatória de novas realidades societais projectadas em termos de fluxos interactivos, evidencia uma exigência concreta.

Com efeito, a verificação da transversalidade das problemáticas globais, e a identificação de um passivo incontornável entre os efeitos do processo globalizante, determinam a transdisciplinaridade integradora dos saberes, em termos de metodologia de abordagem e de perspectiva analítica, no sentido de um entendimento imperativo e epistemologicamente correcto, do fenómeno da globalização.